terça-feira, 26 de abril de 2011

Nossa Senhora do Bom Conselho

Nos confins do Latium, a sudeste de Roma, entre o Tibre e os montes da Sabina, fica situada a aldeia de Genazzano.
No meado do Século XV, uma piedosa Terciária de Santo Agostinho, chamada Petruccia, resolveu construir uma igreja em honra da mãe de Deus. O marido, João de Nocera, fez-lhe doação de um sino.
Mas os recursos de Petruccia, que em breve ficou viúva, eram muito limitados. As paredes do edifício mediam ainda apenas alguns pés de altura quando se viu obrigada a despedir os operários. Os habitantes daqueles sítios riam-se dela, e chamavam-lhe visionária! Mas, sem desanimar, a piedosa senhora, então já octogenária, respondia: “Amigos, não vos atormenteis... Antes de eu morrer, a Santíssima Virgem e o meu Pai Santo Agostinho acabarão eles próprios a igreja...”
Nas margens do Adriático, na Alta-Albania, Scutari abrigava um tesouro: um fresco, pintado por um grande artista, na parede da capela. Havia muitos anos que ali era venerada essa imagem de Nossa Senhora.. Mas eis que bandos de fanáticos e selvagens de emissários de Mahomet procuram destruir por toda a parte o nome e a religião dos cristãos.

A população, aterrorizada, foge para Veneza. Dois dos seus mais fiéis devotos, Sclavio e Giorgio, estão decididos a emigrar para não terem de trair a sua fé; mas sentem-se sem coragem para partir, porque não têm ânimo para abandonar a santa imagem.
Não sabem o que hão-de fazer e pedem, à sua celeste padroeira que os ilumine sobre a decisão a tomar. Num sonho, Maria diz-lhes que se preparem para deixar Scutari, e que no dia seguinte, de madrugada, se dirijam à sua capela, pois quer ela própria ser o seu guia na viagem. Os dois homens obedecem; esperando a confirmação da graça.
De repente, uma pequena nuvem envolve a pintura, que se desprende por si mesma da parede, e, saindo da igreja, toma a direcção do Oeste. Surpreendidos, e arrastados por uma força irresistível, seguem a imagem milagrosa. Entram na cidade esperando descobrir o seu tesouro. Mas ai! Todos os esforços são vãos!

No dia 26 de Abril de 1467, em Genazzano, a multidão reunida em frente da igreja aguardava a hora de Vésperas. De repente, ressoam no ar cânticos celestes...
O sol dardejava os seus raios de oiro; mas uma luz mais viva ainda, desce na direcção da igreja por acabar. O sino de João Nocera, sem que ninguém lhe mexa, põe-se a tocar saudando a Virgem. Todos os sinos da povoação o acompanham. E a nuvem luminosa continua a descer para a terra, deixando ver a santa imagem “Milagre! Milagre!” , exclamam os assistentes; e não é menor a admiração ao verem fixar-se na parede o quadro da Virgem, com o menino Jesus ao colo, que a olha pensativo e lhe deita o bracinho ao pescoço, num gesto carinhoso.
A notícia do prodígio espalha-se e chega aos ouvidos dos peregrinos. Correm para Genazzano; e ali, reconhecem, sem dúvidas, o quadro que veneravam em Scutari.
As palavras proféticas de Petruccia realizam-se: a igreja foi terminada pela piedade dos fiéis que quiseram substituir as suas proporções modestas por um Templo mais vasto.
E jamais as peregrinações ali cessaram.

Adaptação do Boletim mensal “ a Protecção”
nº 20, Abril de 1934