sexta-feira, 1 de abril de 2011

2 de Abril 2005 - O Papa João Paulo II parte para junto de Deus.

TESTEMUNHO DO CARDEAL PATRIARCA DE LISBOA (D. José Policarpo)

No início do discurso de abertura dos trabalhos da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, Fátima, 4 de Abril de 2005.


Sempre, nestes seis anos que tive a honra de presidir à Conferência Episcopal Portuguesa, iniciei estas palavras de abertura dos trabalhos da Assembleia Plenária, com a afirmação da nossa comunhão com o Santo Padre João Paulo II. Este é o meu último discurso, nestas circunstâncias, e não vou alterar essa afirmação de profunda comunhão, apesar do Papa ter morrido. A nossa comunhão com Ele, toma agora a dimensão da eternidade, na comunhão definitiva com Deus, vocação última da Igreja e que João Paulo II já experimenta em plenitude. Foram quase 27 anos em que percorremos os caminhos da Igreja, conduzidos por essa grande figura de Pastor. Aqui em Fátima disse-nos em 1982 que o Pastor é aquele que vai à frente, para identificar os perigos e apontar os novos caminhos da peregrinação do Povo de Deus. Ele foi, para toda a Igreja, esse Pastor, que decididamente, com passada larga, tomou sempre a dianteira, apontando obstáculos a vencer mas, sobretudo, rasgando novos caminhos, alguns nunca andados nem imaginados.


A sua morte provocou uma invulgar unidade da humanidade, de cristãos de todas as confissões, de homens crentes de outras religiões, de Governos e de Instituições, de degelo de posições rígidas, na manifestação do que de melhor está guardado no coração do homem e no âmago das culturas. Esta unidade universal, verdadeiro sinal de uma esperança nova, tornou-se no «ex-libris» deste pontificado. Ao ouvir reacções como as do Governo de Pequim, mais uma vez se verificou, como já se tinha verificado em Jesus Cristo, que os desejos e intuições mais profundos do coração de um Bom Pastor, alimentam-se em vida, mas só a morte os merece e realiza. Tenho a certeza de que João Paulo II ofereceu a vida por nós, pela Igreja e pelo mundo e que a sua morte foi salvificamente fecunda. Neste momento, a nossa comunhão com ele é também uma recolhida acção de graças ao Senhor da Igreja, pelo Pastor que nos deu e uma prece, a ele que já está na comunhão dos Santos, que continue a interceder pela Igreja, que precisa de continuar o seu caminho no tempo, não rejeitando nada da grandeza do drama humano.