sexta-feira, 24 de abril de 2015

Mediterrâneo: o apelo está lançado

Um conjunto de organizações da Igreja Católica em Portugal manifestou hoje a sua “consternação e indignação” face às tragédias que vitimaram mais de 1500 pessoas este ano, na travessia do Mediterrâneo.
Agência ECCLESIA, Cáritas Portuguesa, Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP), Comissão Nacional Justiça e Paz, Comissão Nacional Justiça, Paz e Ecologia dos Religiosos, Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, Obra Católica Portuguesa de Migrações, Rádio Renascença e Serviço Jesuíta aos Refugiados
 apelam a todos os portugueses para que, no próximo domingo, coloquem nas suas janelas um pano branco ou usem uma peça de roupa branca, numa “manifestação de indignação”.
Os católicos são ainda convidados a um momento de 
“oração ou um minuto de silêncio”, 
unindo-se “aos milhares de pessoas que se sentem solidárias com todos os que buscam uma vida melhor para si e para as suas famílias e partem diariamente das suas terras na procura legítima de melhores condições de vida”.
Em comunicado, as instituições alertam para a actual situação de muitos migrantes que “têm sido ultrajados na sua dignidade humana ao tentarem atravessar fronteiras” à procura das “mais básicas condições para a sua sobrevivência”.
Este ano, mais de 1500 pessoas morreram no Mar Mediterrâneo, um número 50 vezes superior ao de 2014, com destaque para o naufrágio que vitimou cerca de 800 pessoas no último domingo.
“Os acontecimentos dos últimos dias (…) obrigam-nos a não ficar calados, sob pena de sermos cúmplices de um verdadeiro massacre que deveria envergonhar o mundo, particularmente os que têm responsabilidades políticas”, pode ler-se, na nota divulgada hoje.
Em todas as Eucaristias celebradas no próximo domingo vai ser incluída uma prece no momento da Oração dos Fiéis, rogando a Deus que ajude a construir “uma só família humana”.
As organizações da Igreja Católica contam com o apoio da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.
“São pessoas como nós que se vêm obrigadas a fugir do seu país porque vivem situações que ferem gravemente a sua dignidade e colocam em risco a sua sobrevivência e das suas famílias”, assinalam.
Os signatários sustentam que a União Europeia “pode e deve fazer mais por cada uma destas pessoas”, nomeadamente através da ação nos países de origem.
As organizações da Igreja Católica pedem medidas que “ultrapassem a excessiva preocupação com a segurança e de controlo de fronteiras” e esperam “alternativas de maior humanização”.
O comunicado sugere um marcador (hashtag) para as redes sociais, ‘#somostodospessoas’, citando a intervenção do Papa Francisco no último domingo:
  “São homens e mulheres como nós, irmãos que procuram uma vida melhor, famintos, perseguidos, feridos, explorados, vítimas de guerras. Procuram uma vida melhor, procuravam a felicidade”.
OC