sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Gandhi e o jejum

Na tradição cristã, o jejum é visto num clima de oração, de intercessão e de purificação, e pode ser público. Nesse caso é encarado como uma maneira de protestar, de testemunhar ou de implorar justiça.
A acção de um homem como Gandhi é paradigmática. Na sua vida, nunca utilizou o termo greve de fome, mas sempre a palavra jejum. Levou a cabo bem 17 jejuns prolongados. O mais famoso foi sem dúvida o de Calcutá. Em Agosto de 1947, logo a seguir à independência da Índia, o país mergulhou num banho de sangue: a separação do Paquistão da Índia fazia-se entre massacres e deportações atrozes. Em Calcutá, Gandhi faz de tudo para apaziguar as duas comunidades, hindu e muçulmana. Tudo em vão. A 31 de Agosto, com 78 anos decide fazer um jejum até à morte, com o qual conseguiu a pacificação da cidade.
De 13 a 18 de Janeiro de 1948, Gandhi recomeça, desta vez em Deli, a mesma obra de reconciliação e com idêntico sucesso. Virá a ser o seu último jejum, e a causa imediata do seu assassínio 12 dias mais tarde. Na verdade, para Gandhi, o jejum era antes de mais uma experiência pessoal de purificação, tendo em vista o domínio dos próprios instintos. Quando jejuava publicamente, era mais para interpelar os seus amigos que para combater os inimigos. A eficácia dos seus jejuns devia-se mais à grande popularidade de que gozava entre o seu povo.